Educação de Jovens e Adultos: “A escolarização começa em casa”

Acredito que a escolarização vem depois da educação. Mas o que isso significa? Se procurarmos a definição destes termos veremos que educação é a formação do indivíduo em um sentido mais amplo, ela não pode ser representada apenas pelos conhecimentos adquiridos na escola ou conhecimentos conteudistas e de currículo escolar mas deve ser entendida como uma formação global conforme define a Lei de nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

“…a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.”

Deste modo a escola, em qualquer uma de suas esferas, é responsável apenas por uma parte desta educação. Não que eu queira fugir da responsabilidade intrínseca desta instituição mas o que quero dizer é que ela (escola), do meu ponto de vista, é apenas um fator multiplicador da educação (formação global) que o aluno traz consigo na bagagem quando é inserido no ambiente escolar. Neste sentido a escolarização, como prefiro denominar aqui, é apenas um complemento à educação pois cabe à escola o papel de complementar a educação familiar e disponibilizar/organizar os conteúdos curriculares pertinentes a cada necessidade de maneira a favorecer a construção do conhecimento e a formação individual de cada um.

Sendo assim, a meta de número 10 do Plano Nacional de Educação – PNE (Lei 13.005/2014) diz o seguinte: Oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional. Porém, ao consultarmos o mapa de monitoramento do PNE para o item 10 – Percentual de matrículas da Educação de Jovens e Adultos na forma integrada a educação profissional, percebemos que TODO O PAÍS ainda está muito aquém de atingir a meta dos 25%. O estado de São Paulo, por exemplo, de acordo com o último Censo da Educação Básica de 2017 atingiu apenas 3,09% (Dados coletados em 16/07/2021).

Neste contexto, e é claro se minha argumentação foi coerente até o momento, arisco afirmar que enquanto não for oportunizado a TODOS o acesso à escolarização, continuaremos a receber jovens cujas famílias tiveram pouco ou nenhum contato formal (escola) com a educação, dificultando a compreensão e até mesmo a aceitação e apoio familiar a esta instituição tão importante para o crescimento da nação. A escola deve ser vista como um meio e não uma solução para o desenvolvimento humano. Mas como tornar a escola atrativa para adultos? É agora que justifico a meta 10 do PNE pois, acredito que se inserirmos conteúdos técnicos do mercado de trabalho ao ensino médio, arrisco novamente a afirmar que o ensino passa a “ter significado” para este cidadão que há muito deixou seus estudos. Dando sequência a linha de raciocínio, se estes membros familiares (adultos) tiverem um contato prazeroso com a “educação escolar”, com certeza irão multiplicar em seus lares esta fantástica experiência de aprendizagem através da motivação de seus descendentes fazendo com que as futuras gerações frequentem a escola por opção e não por obrigação.

Sei que estou apresentando aqui uma versão romantizada da educação/escolarização com argumentos positivos e tudo mais porém, mesmo conhecendo todos os percalços desta odisseia, ainda mantenho firme minha convicção de que a escola pode contribuir muito para a criação de um mundo onde caibam todos.

Referências:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014

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