Como se não bastassem as “guerras” reais, agora temos que conviver com as “batalhas” virtuais entre os sistemas operacionais. Acho que os governos devem ouvir mais a população antes de se manifestar a favor ou contra um bem de consumo ou serviço tão importante como é o caso dos sistemas operacionais.
Na última sexta (19/03) estive em São Paulo na Microsoft para a abertura do Fórum Educadores Inovadores em Rede e entre os assuntos discutidos estava o velho dilema do software pago e do software livre. Após ouvir e participar das discussões em pauta achei interessante publicar aqui no Blog minha contribuição enviada ao Programa Um Computador Por Aluno – PROUCA. Segue abaixo, na íntegra, o documento enviado ao evento.
Primeiramente gostaria de parabenizar o FNDE pela iniciativa desta consulta pública e agradecer o convite para contribuir com o evento. Em segundo lugar, deixo claro que sou simpatizante ao movimento do software livre.
Sou professor de informática desde 2004 e trabalho na área de T.I. há mais de 18 anos. Durante os últimos anos de docência percebi que o movimento do software livre tem ganhado força e muitos adeptos, principalmente entre jovens e estudantes. O software livre, assim como os programas e sistemas operacionais proprietários tem suas vantagens e desvantagens dependendo de como e onde são utilizados. Já vi muito software livre ser “vendido” como solução de custo e depois de algum tempo ser descartado gerando muitos problemas e descontentamento por parte de seus usuários.
Segundo dados de junho de 2008 do site Cybernet, o mercado possui em sua maior parte software proprietário, sendo 90,82% Microsoft e 8,1% Mac que são proprietários contra 0,8 Linux que é livre. Sei que a atualização destes dados em 2010 mostra um crescimento para o software livre e ainda que seja realizada uma projeção muito otimista e favorável ao software livre para os próximos 5 anos, os softwares proprietários ainda estariam dominando o mercado.
Neste cenário, vejo que a vantagem de forçar a venda ou mesmo a distribuição de computadores com software livre só garante um lado da moeda, o de quem está comprando, pois o custo é mais baixo. Estou cansado de ver alunos, clientes e amigos comprarem computadores baratos, com sistemas livres e logo em seguida formatar o equipamento e entrar na ilegalidade com a instalação de softwares proprietários ditos “piratas”.
Do meu ponto de vista, como o mercado ainda demanda profissionais que saibam operar sistemas proprietários e como a maioria dos usuários só sabem utilizar softwares proprietário, se o governo pretende distribuir computadores, que seja com software proprietário, caso contrário, o próprio governo indiretamente estaria contribuindo para a pirataria. O que deve ser feito, em minha opinião, é uma conscientização de que o software livre é tão bom quanto o proprietário, e que todos devem pelo menos experimentar e perceber que a diferença está na sua aplicação, função e finalidade, lembrando também que o operador deste sistema deve ter capacidade de operá-lo com facilidade e destreza.
Esta reflexão para a escolha do tipo de sistema operacional ou aplicativos deve partir do mercado, ou seja, da própria população. Isto só ocorrerá quando o indivíduo puder experimentar livremente os dois tipos de sistemas e não ser forçado a utilizar um em detrimento ao outro. Como já disse, sou adepto ao software livre mas não sou fanático nem tampouco louco. Meu equipamento de trabalho que inclusive é este com o qual estou escrevendo este texto possui software proprietário como software principal e outros três sistemas operacionais instalados em máquinas virtuais, os quais eu utilizo na docência e também para experimentar e aprender. Se a comunidade de software livre ler o que estou escrevendo eles provavelmente dirão que isto é inadmissível, mas eu acho que a partir do momento que tenho o poder da escolha eu passo a estar no controle e isso me tranqüiliza e facilita o processo de ensino/aprendizagem. Quando esta opção é dada ao indivíduo tudo fica mais fácil pois cada um tem um tempo e uma “velocidade” própria para aprender as coisas. Baseado neste argumento, eu acho que impor um sistema operacional que não é conhecido ou que seja polêmico só vai trazer mais problemas.
Esta opção de utilizar outros sistemas pode ser fornecida junto com o equipamento na forma de “máquinas virtuais”, onde um ou mais sistemas operacionais e aplicativos podem ser inicializados e utilizados normalmente, tão simples como dar duplo clique em um ícone. Refuto a idéia de oferecer sistemas com Dual Boot pois além de fragmentar o espaço em disco, sua manutenção exige especialidade técnica e o usuário deve possuir instrução mínima de como operar tal sistema.
Concluo defendendo a idéia de um equipamento com sistema operacional proprietário mas munido com um sistema de máquinas virtuais previamente instaladas, proporcionando ao usuário o acesso à outros ambientes de sistemas, fazendo com que ele próprio possa escolher seu sistema operacional futuramente.
Referências:
http://cybernetnews.com/browser-os-stats-for-june-2008/#more-13498
Uma coisa é certa nesta briga, quem sai perdendo são os usuários. Acho que os dois sistemas podem conviver pacificamente e a Microsoft tem se mostrado aberta e participado ativamente desta “pacificação” entre os sistemas através de ações em conjunto com a “comunidade” do software livre. Veja mais sobre este assunto nos links abaixo.
http://info.abril.com.br/noticias/ti/microsoft-lanca-codigo-especifico-para-linux-20072009-42.shl
Um comentário
Oi Márcio! Também penso assim. Não acho que sejamos nós professores que temos de nos preocupar demasiadamente com isso. Nosso foco é a inclusão digital, venha ela com os meios que pudermos dispor. Abraço!