Alfabetização Continental. É possível?

Do ponto de vista histórico, a alfabetização no Brasil passou por diversos momentos e modelos que moldaram cada uma das gerações de uma maneira diferente (Amâncio). Cada qual vivenciando este “momento/modelo” de acordo com a situação, entretanto se pensarmos nas técnicas utilizadas em cada um dos momentos vamos notar que cada um deles teve características ímpares que o diferenciaram dos demais, como por exemplo a utilização da letra bastão em detrimento à letra cursiva no construtivismo ou a evolução da soletração (método sintético) para a palavração (método analítico). O fato é que independente do modelo, conceito, fundamentação teórica ou até mesmo legislação, que evoluiu bastante nos últimos 60 anos, não podemos deixar de lembrar que o Brasil é um país com características geográficas continentais, que foi colonizado e está repleto de culturas e costumes que independentemente das culturas pátrias também possui uma miscigenação única em todo mundo e desta forma também tem criou suas culturas próprias.

Neste sentido, acredito ser infrutífera a busca por uma solução ou método para se desenvolver a alfabetização de maneira plena em todo território nacional pois segundo Coelho:  

A compreensão da linguagem escrita vai ocorrer em função da linguagem falada que, inicialmente, funciona como elo mediador (entre a fala e a escrita) e que vai deixando de ter esse papel, quando a criança assume por inteiro a escrita, em uma dimensão discursiva que surge, possibilitando a compreensão da escrita dos outros. É pela presença da outra pessoa que a criança percebe a necessidade de produzir uma escrita compreensível, tanto quanto deseja ler o que o outro produziu.

Sendo assim, cada uma das regiões do país detém características culturais que devem ser levadas em conta não só para a alfabetização, mas em todo processo escolar do indivíduo. Devemos lembrar ainda que a forma como as pessoas constroem significados a partir da experiência (expertise leiga) influencia diretamente o processo de alfabetização.

Neste ambiente se encontra o professor, que diante dos diversos modelos e métodos apresentados ao longo do tempo tem amadurecido e digamos “sofrido” bastante com esta constante evolução das teorias educacionais. Ainda segundo Coelho:

O papel do professor aqui assume vital importância para aceitar a linguagem da criança como ponto de partida para posterior revisão e introdução das normas cultas da linguagem padrão. Tudo isto, respeitando as formas utilizadas pela criança, pos estas são seu referencial básico, o qual deverá ser superado pela técnica na apreensão do código escrito.

Sem mais delonga, acredito ser possível a alfabetização de um país com proporções continentais como o Brasil porém, devemos adequar a escola a cada uma das realidades, e quando digo adequar não significa descumprir a Lei ou fugir dos modelos padronizados, digo apenas que devemos aculturar a escola em cada um dos ambientes a que ela está exposta fazendo com que a escola faça parte deste ambiente e não simplesmente tente mudar o ambiente para uma realidade distante. Neste ponto volto a falar do professor que é o fator chave para que isto ocorra, uma vez que ele próprio está inserido no contexto local e tem plenas condições de adequar os métodos e currículos escolares para melhor atender à sua comunidade e cultura.

Então, #partiu construir a história da educação no Brasil?

REFERÊNCIAS

COELHO, Sônia Maria. A Alfabetização na Perspectiva Histórico-Cultural

Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/programa_aceleracao_estudos/alfabetizacao_perspectiva_historico_cultural.pdf

AMÂNCIO, Lásara Nanci. Vídeo D16 – Alfabetização, uma história, Este programa faz parte da disciplina 16 (Conteúdos e Didática de Alfabetização), do curso de pedagogia Unesp / Univesp.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VWBBkz1waQg

Playlist completa em: https://www.youtube.com/playlist?list=PL129944938FFB0E35

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