O velho mestre, a educação e a internet

FONTE: http://webinsider.uol.com.br/2007/10/18/o-velho-mestre-a-educacao-e-a-internet/

Em um dia de serendipismo científico encontrei na web um texto muito interessante para reflexão, o qual transcrevo na íntegra logo abaixo. A imagem foi por minha conta.

Nosso amigo encontrou um texto que recebeu da professora há mais de 30 anos. Falava justamente sobre a necessidade de atualização do ensino. Veja como ficaria adaptado aos dias de hoje.

Por Luiz Edmundo Machado

O Mestre acordou, abriu os olhos e estranhou o lugar onde estava. Lembrou que saiu da sala de aula, escorregou, sentiu uma dor na cabeça e mais nada…

Passou a mão pela cabeça e sentiu o cabelo comprido. As mãos enrugadas. Coçou o rosto e sentiu uma longa barba…

Procurou o espelho e o susto foi maior ainda – ao invés de um jovem com trinta e poucos anos já doutor em Educação, viu um velho enrugado. Assustou-se e gritou.

Uma enfermeira apareceu e também gritou a todos que o Mestre tinha acordado…

Disseram que ele dormiu 60 anos. Não era mais 1947 e sim 2007…

O professor tinha milhões de perguntas a fazer. A mente treinada em metodologia da pesquisa tentou classificá-las por ordem de importância, mas eram muitas… Somente uma pergunta pareceu adequada: “- O que aconteceu com o mundo e com o Brasil nesses anos todos?”
Várias vozes começaram a repetir frases com palavras que não conhecia. Então, como um bom professor, perguntou: “- Há alguma biblioteca onde eu possa pesquisar nos periódicos o que aconteceu?”

Todos se entreolharam. Os que entenderam o que ele quis dizer sorriram…

Alguém sugere que ele precisa se distrair um pouco e põe na mão dele o controle remoto da televisão. O professor olha espantado para a caixinha cheia de botões e não sabe o que fazer. Alguém toma a caixinha e liga a TV…

Ele deu um salto para trás, ao ver a caixa acender e alguém aparecer de dentro dela, narrando cenas que aconteceram no outro lado do mundo…

A mente treinada a aprender do professor pensou.. “Calma, é apenas um cinema portátil”. E perguntou: “- Quando ocorreu isso?”

Ao vivo, naquele mesmo momento, responderam. Ele sentiu um calafrio percorrer a espinha; se não fosse uma pessoa esclarecida teria deixado escapar a palavra que veio à mente: mágica!

Perguntou novamente sobre a biblioteca e disseram para ele procurar na internet…

“- Internet?”, perguntou…

Sim, responderam, a rede mundial de computadores. Ele arregalou os olhos… “- Computadores?”

Explicaram e ele ficou meio ressabiado. Pediu para ler um jornal, mostraram-lhe blogs em um aparelinho aberto com tela colorida. O professor se assustou ao ouvir que cada um podia escrever o seu jornal. E que poderia comentar as notícias que lia. E discordar do jornalista e ali mesmo colocar a sua opinião…

Pediu então uma enciclopédia atualizada. Mostraram a Wikipédia (”é só clicar nas palavras sublinhadas”…). “- E quem escreve tudo isso?”, perguntou. Qualquer um, responderam, atualmente são mais de 290.000 colaboradores…
“- Mas quem controla tudo isso? Quem comanda o trabalho? Quem diz o que escrever?”. A resposta foi: ninguém e todo mundo…

O professor pulou da cama. Ou o mundo estava louco ou ele estava. Saiu correndo, deixou o hospital e chegou à rua… Quase foi atropelado. Dezenas de carros, mais do que ele já havia visto em toda a vida, todos ao mesmo tempo na rua, acelerando, freando, buzinando…

Ele correu desesperado, ainda com a roupa do hospital, um roupão aberto nas costas…

Então reconheceu um prédio algo familiar. Sujo, pichado, mas reconheceu uma escola, uma escola pública…

Dirigiu-se para lá, entrou esgueirando-se e foi para o último lugar seguro de qual se lembrava, a sala de aula…

Sentiu um certo conforto: a mesma lousa, o mesmo tipo de cadeiras, que pelo desgaste deviam ser exatamente as mesmas de seu tempo… Encolheu-se em um canto e ficou ali, tentando colocar as idéias em ordem.

De repente entram os alunos, numa algazarra tremenda. O Velho Mestre enrubesceu…

Entra então o professor daquela turma, que tem um certo trabalho para controlar a classe e começar a aula. O Velho Mestre parece o único a prestar atenção…

Ele percebe que, apesar da falta de atenção dos alunos, apesar da falta de disciplina, a aula era exatamente igual àquela que ele ministrava….

Respira fundo aliviado e pensa: “Graças a Deus alguma coisa não mudou. Pelo menos a Educação no Brasil continua a mesma de 60 anos atrás!”

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