Ensino à Distância – Para onde vamos?

(Comentário ao texto “Conceitos Básicos de EAD” de Eduardo Chaves, apresentado na Capacitação em EAD da UNIVESP em parceria com o Centro Paula Souza) 

Concordo plenamente com Eduardo Chaves quando ele coloca a dicotomia entre ensino e aprendizagem. O ensino é uma ação que pode ou não resultar em aprendizagem.
O livro, como o próprio Chaves menciona, foi o primeiro recurso de EAD que nós tivemos acesso e desde então a única coisa que mudou foi o alcance propiciado pelas tecnologias e variações de divulgação dos “conhecimentos enlatados”, as práticas pedagógicas, a metodologia e a didática continuaram as mesmas. Com a massificação das comunicações, educadores que apenas se adaptaram as novas tecnologias não conseguem seguir o ritmo dos jovens de hoje, pois estes estão em constante mudança de paradigmas e de tecnologias, ansiando por inovações a um ritmo frenético. Neste ambiente, professores que apenas transcrevem seu material para o PowerPoint e “passam por e-mail” mas continuam a lecionar da mesma maneira que a 20 anos atrás, não atingem as expectativas dos alunos e portanto não conseguem a atenção necessária para a efetivação da aprendizagem. Nas palavras de Eduardo Chaves “A escola, como a conhecemos, representa um modelo de promoção da educação calcado no ensino, que foi criado para a sociedade industrial (em que a produção em massa era essencial) e que não se adapta bem à sociedade da informação e do conhecimento – na verdade é um obstáculo a ela .”
Nesta mesma linha de pensamento, Piaget afirma que o sujeito da aprendizagem (aluno) é um ser ativo e que para haver apropriação dos conhecimentos este sujeito precisa estabelecer uma relação de troca com o ambiente ou objeto, num sistema de relacionamento vivenciado e significativo, uma vez que a aprendizagem (para Piaget) é o resultado de ações do indivíduo sobre o meio em que vive. Desta maneira, se não houver uma relação forte, não haverá uma aprendizagem significativa.
Neste sentido, ainda fico um pouco “desconfortável” com o modelo de educação AMT (Aprendizagem Mediada pela Tecnologia) colocado por Chaves pois continuo com a convicção de que apenas a mediação da tecnologia não garante o aprendizado.

Em relação a questão abordada no texto: “São o Ensino Presencial e o EAD Equivalentes?”
Em termos de “ensino”, como foi definido no texto, ambos são equivalentes pois só estou alterando o canal, o meio de comunicação, mas devemos pensar não só no processo mas também nos objetivos da educação e nos resultados esperados. Se o resultado esperado é a apropriação dos conhecimentos pelos alunos, então esta discussão terá de esperar mais alguns anos a fim de que possamos ter dados e argumentos suficientes para analisar se o ensino presencial e o EAD são realmente equivalentes.

Concluindo, acho que os alunos deveriam se sentir motivados em participar de um ambiente escolar, em outras palavras, deveriam “ter vontade, sentir prazer em frequentar a escola” e não apenas acordar cedo para ir “por obrigação” a um ambiente onde ele não se sintam bem. Esta motivação, em minha opinião, só ocorrerá quando as práticas acadêmicas deixarem de ser tão “industrializadas e padronizadas” e os modelos de ensino permearem mais os novos conceitos de flexibilidade, abrangência e metodologias atraindo e aproximando o sujeito (aluno) do objeto (ensino). Isto tudo pode ser auxiliado pelas ferramentas ead desde que todos os envolvidos neste processo tenham consciência dos objetivos a serem alcançados.

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